Devaneios (III)
(A. M. de Godoy T.)
Nos últimos
três meses choveu muito pouco e o nível do lago abaixou setenta centímetros. A
parte do lago que se estende como uma
lâmina d’água sobre o banhado ficou com
o solo exposto. A argila do fundo ressecou e rachou em gretas profundas e
largas, como um mosaico onde se ajuntam peças de vários formatos, na cor marrom, separadas pelas linhas do vazio. Da varanda da casa se podia ver este
lado do lago com seu imenso tapete, bonito de se ver, triste por saber por quê.
A chuva que caiu duas semanas atrás normalizou o nível do lago. O local antes
exposto agora está submerso e a vida renasce neste alagado. Juncos, (juncaceae) uma espécie parecida com
gramíneas são os primeiros a despontar suas hastes, seguidos das ervas de bicho
( Polygonum
hydropiper) que alastram suas ramagens. Em pouco tempo tomarão conta de toda a área
outrora ressecada. As pontas daqueles se encherão de sementes e destas brotarão
pequenas flores amarelas. Ambas são espécies típicas de áreas alagadas e se
atrevem, também, a proliferar na borda do gramado que margeia o lago,
servindo-se da umidade que campeia estes terrenos. Ali são continuamente
retiradas mas retornam triunfantes e vigorosas, desafiadoras e vencedoras.
Não foi a
primeira e nem será a ultima vez que o nível do lago abaixou dando lugar ao
tapete de mosaico marrom e que depois, com as chuvas, tudo se modifica tornando
o lugar atrativo para pássaros, insetos,
sapos, cobras, entre outros habitantes.
É assim a
vida nesta parte do lago. A natureza segue seu curso e sem interferência humana
se ajeita como deve ser.
Com ela tento aprender. A vida me surpreende com
situações que vem e vão. Algumas em sucessivas repetições. Acredito não ser boa
aluna. Sempre acho que acabam como não deveria ser.
As fotos, Angela! Quero ver o lago, mesmo seco.
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