(A. M. de Godoy T.)
Amo jardinar
e amo jardins!
Conheço
pouquíssimas pessoas que gostam de jardinar e muitas que gostam de jardins, ma
s quem conhece o assunto sabe que entre aquele e este gosto vai uma grande diferença.
s quem conhece o assunto sabe que entre aquele e este gosto vai uma grande diferença.
Fico
emocionada quando encontro um jardineiro de vocação, por isso quero falar de
uma cena que presenciei recentemente. Uma senhora idosa, que presumi ter
passado em muito a casa dos oitenta, jardinava com uma menina de pouco mais de
dez anos, que supus ser sua parenta. Elas plantavam um ipê no jardim em frente
à casa. A senhora instruía, a menina obedecia. Eram gestos de amor a rodear
aquela muda de dois palmos de altura. Um poema silencioso, a quatro mãos, de
gestos de carinhos. Vale lembrar que ipê demora em média de quatro a cinco anos
para florescer, nem é muito tempo, mas considerando a idade da senhora pensei
que talvez ela nem alcançasse as primeiras floradas. Mas jardineiro não se
preocupa com isso. A ele pouco importa se desfrutará do frescor da sombra ou se
verá suas flores ou se comerá do fruto da árvore que plantou. Jardineiro não
planta apenas para si, planta para os outros. O tempo do jardineiro é o futuro,
mesmo que para ele o futuro não ultrapasse o amanhã.
Aquela
senhora era uma jardineira de vocação ensinando uma jovem a como jardinar.
Foi então
que imaginei um mundo diferente, onde jardinagem fosse matéria obrigatória nos curriculum escolares. Faríamos provas de
construir canteiros, de semear margaridas, petúnias, de plantar jabuticabeiras,
angicos, cedros, e qualquer outra planta, de livre escolha e gosto. Teríamos lição
de como plantar e cultivar em qualquer lugarzinho que carecesse de verde e cor.
Nossa morada seria, obrigatoriamente, rodeada de jardins. Os terrenos baldios e
as áreas degradadas seriam reflorestados. Inundaríamos-nos de tantas plantas e de
tantos desejos de plantar que de nossos corações brotariam avencas, samambaias,
palmeiras, cerejeiras, mognos... e
flores, muitas flores.
Quem dera
pudesse ser assim! Seríamos diplomados jardineiros, de coração e vocação!
E o mundo
seria um só jardim. E voltaríamos ao início, no princípio, quando o Criador fez
a terra produzir relva, e as ervas deram sementes, e as árvores frutificaram e
deram frutos segundo as suas espécies, e viu Ele que isso era bom.