terça-feira, 14 de agosto de 2018

As estações


As estações
(A. M. de Godoy T.)

Senhor
Tudo está pronto para o espetáculo de cor.
Os dias se enchem de mais luz.
O céu de mais azul.
Os botões, prontos a abrir em flor,
Elevam-se para o céu como mãos prestes a se espalmar em seu louvor.
É o milagre do colorido, do perfume, da luz.
É a Terra em sedução.
Menina-moça no auge do esplendor.

Senhor
A terra ressequida está sedenta,
O verde pende, se debruça
E pela gota que restou do orvalho ele procura.
Mande o aguaceiro inesperado
Com relâmpagos e trovões passageiros,
Como véu transparente
A se descortinar frente ao sol inclemente.
Mande o aguaceiro cobrir a Terra.
E a torne fecunda, em espera
Pelo milagre da germinação.
E a deixe encantada, aguardando
Pelo seu rebento que despontará do chão.

Senhor
Os dias e noites passam calmos
O amarelo tinge os montes, os campos, os vales.
Há um bailado de folhas no ar
Outras repousam no chão
Outras tantas logo mais cairão.
O vento assobia uma melodia suave,
A murmurar que é chegada a hora,
O momento exato.
A Terra está pronta.
A colheita se aponta.
É a fartura.
O parto
Do sagrado.

Senhor
Dias e noites são desiguais
Tudo se recolhe, se retrai.
O verde se apaga, e esmorece
O colorido no horizonte.
Pássaros e animais se escondem.
A terra, essa senhora,
Não experimenta mais do cio
E adormece, coberta pelo frio.
E hiberna, e repousa, e esquece,
E morre, e renasce,
E um novo ciclo recomeça
Assim e sempre, como uma prece,
Amém.



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